quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Minhas férias em Cartagena parte II: Conhecendo as praias!

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Apenas: sonho

Uma vez em Cartagena, quem te liga é o Bola de Fogo e o calor sempre vai estar de matar. É pisar fora do ar condicionado do hotel pra começar a pingar naquele forno. Não que eu esteja reclamando, mas é que é impossível não pensar em outra coisa além de praia nessas condições. Vida difícil...
Mas antes de falar da parte boa das praias de Cartagena, tem um ponto importantíssimo que deve ser contado, infelizmente, por esta que vos escreve.

Logo no primeiro dia, eu e minha amiga resolvemos curtir uma praia. No que pisamos na areia, duas moças vieram oferecer alguma coisa, que logo negamos porque não entendemos o que era. Andamos mais alguns metros e outra mulher veio. Como essa tinha “mais jeitinho” para falar, começamos a prestar atenção.

Na verdade, as moças queriam oferecer uma massagem. “Solamente una degustación”, falavam. Essa frase demorou para sair das nossas cabeças... Isso porque enquanto a moça vai falando com você, começa a passar um creme nas suas costas e já vai fazendo uma massagem, deixando claro que tudo não passa de um entretenimento gratuito. De uma hora para a outra, tinha uma mulher em cima de mim e outra da Dani, e nós estávamos sentadas em cadeiras de praia, trazidas por alguns ajudantes, enquanto elas nos massageavam.

Conversamos sobre família, o Brasil, a Copa... “Quanto isso vai custar?”, perguntávamos. De “nada” foi para “15 mil pesos”. Daí já começamos a recusar, levantar da cadeira e sair fora, tudo com muita simpatia.

Então alguns rapazes que vendem artesanato chegaram em cima começando a oferecer colares, brincos, pulseiras (lindos, por sinal), e as mulheres não paravam. Apertavam nosso pé, nossas pernas, nossas costas...

Enfim, quando vimos que a coisa estava BEM estranha e queríamos sair fora, elas nos fizeram pagar COP (pesos colombianos) 70 mil cada uma (cerca de R$ 85)!

Com medo, minha amiga deu logo o dinheiro e saiu andando. Lembro de ter falado no pior portunhol possível: “Usted nos enganaron e Díos está viendo. Isso non se faz”, dei metade do valor e saí andando. PUTA DA VIDA.

E quem disse que aquele creme saía do nosso corpo? Depois que fomos notar, rindo, que era um condicionador da Seda que todas elas carregavam em um baldinho de praia.

Só mais tarde, conversando taxistas e outros trabalhadores é que ficamos sabendo que esse é o trabalho dessas moças: enganar os turistas em cinco segundos com um “solamente una degustación”.

É claro que depois de algumas horas o acontecido virou piada...

Tirando essa dura e agora divertida experiência, vamos ao que interessa:



Bocagrande

Uma típica long beach, praia grande, ou chame do que quiser. Bocagrande é um bairro litorâneo moderninho de Cartagena. Reza a lenda (e os mapas) que o mar ali já é do Caribe, mas não parece. O bom é que dá para ir por conta própria. Basta pagar COP 6 mil de taxi de ida e o mesmo valor de volta e voilà.

Aqui, a imagem de centro histórico fofinho sai de cena e entram os grandes prédios e hotéis luxuosos. O negócio já está mais americanizado e as redes de fast-food dominam os arredores: Mc Donalds, KFC, etc.

Como nos primeiros dias gastamos com cadeira, tenda e mesinha, resolvemos economizar nos outros dias e levar apenas nossas cangas e alguns mil pesos no bolso para comidinhas. Passeio bom, prático e barato. Para dar um mergulho, deixamos nossas coisas na areia mesmo (como quase todo mundo faz) e ficamos de olho. Tudo lá é muito seguro. Sério. Muito.



Olhando para esse mapinha (que eu peguei emprestado da empresa 
City Sightseeing), você pode ver que além de Bocagrande ainda tem os bairros El Laguito e Castillogrande que oferecem praias. O valor do táxi é o mesmo e a praia também. Mas achei que essas praias eram mais isoladas, sem muito movimento.

Quando fomos para o El Laguito, o taxista já deu a dica: comprem o que for comer no mercadinho e não aceitem nada do pessoal da praia. O motivo? O preço triplica.

Fora as voltinhas que você dá por conta própria em Cartagena, outros passeios são oferecidos por guias que perseguem (sério!) os turistas. Na praia, no taxi, na rua, nos restaurantes... qualquer lugar que eles puderem te abordar, eles vão.

Playa Blanca e Isla Del Rosario

Vai uma lagostinha aí?


Como estava muito afim de conhecer as famosas praias a la Caribe, acabei comprando um “pacote” para visitar a Playa Blanca e a Isla Del Rosario. É um dos passeios mais comuns a se fazer por lá – e um dos que mais vale a pena.
Como fui em baixa temporada, consegui fechar por COP 35 mil, equivalente a cerca de R$ 42. Mas sei que esse passeio chega a sair por COP 60 mil em alta temporada.

Fora isso, ainda existe uma taxa portuária obrigatória de COP 12 mil, que é paga à parte na hora de entrar para o embarque, logo que passar pela catraca do porto, conhecido como Muelle de la Bodeguita.

Tem que esperar o embarque assim! 

O porto é praticamente em frente ao monumento da Torre Del Reloj, entrada da Cidade Amuralhada. Apesar de o passeio ser oferecido dias antes pelos guias, é possível chegar ao porto cedo e comprar seu ingresso numa boa.
Já na espera para entrar no barco, o guia com quem você fechou o pacote vai te apresentar ao profissional que vai te acompanhar durante todo o dia. Depois de uma chamada básica, basta colocar o colete salva-vidas e pronto, você já está a caminho do paraíso.

No meio do passeio, um barco vem até nós e oferece esse lanche, baratíssimo.
 Melhor suco de goiaba da minha vida!

A primeira parada é em Isla Del Rosario, um arquipélago na verdade – inclusive, o guia mostra uma megailha isolada de Pablo Escobar, o senhor da droga colombiana. Que Deus o tenha.

Por lá, a coisa é rápida. Na verdade, eles te oferecem duas coisas para fazer que são pagas à parte: conhecer o Oceanário (aquário) ou praticar snorkeling. Tanto um quanto outro não passavam de COP 25 mil.

O Oceanário é fofo, dá pra entrar e conhecer um pouquinho de graça (e ainda usar o banheiro!)

Acontece que eu e minha amiga não queríamos fazer nenhum dos dois. E aí?
Aí que ficamos cerca de meia hora curtindo o mar, que é um pouco perigoso por conta das pedras ao fundo, mas é só tomar cuidado que dá para se refrescar numa boa. Muita gente optou por ficar lá mesmo.

Olha essa água transparente *-*

Há quem diga que para ver o Caribe só mesmo em San Andres, uma ilha próxima à Cartagena, que exige uma passagem de avião um pouco cara para ser apreciada. No entanto, Playa Blanca é incrível, areia branquinha e água transparente com o fundo nos melhores tons de azul e verde.

Só depois ficamos sabendo que podíamos ter pegado um barco e ido direto para lá, sem parada pela Isla Del Rosario. Fica a dica.

Ah, Playa Blanca... só de lembrar dá um calorzinho bom

Logo que você chega o almoço está pronto. Então eles colocam a galera pra sentar em umas mesas de madeira com bancos enormes e servem todo mundo. O prato é esse aqui: peixe, arroz de coco e plátano (banana frita em fatias fininhas).

Hum!

Ponto positivo: a comida é gostosa e vem servida com limonada.Ponto meia-boca: não tem faca, o garfo é de plástico e você logo se vê obrigado a comer com a mão. Sim! Foi uma experiência divertida...

E então você aproveita mais duas horinhas na praia. Para ficar na sombra é necessário alugar uma tenda, cadeiras e, se quiser, uma mesinha de plástico também. Lembrando que, com simpatia, tudo dá para pechinchar. Como acabamos fazendo amizade com duas brasileiras, rachamos o valor e ficou mais em conta ainda.

Todos os meus problemas foram embora ali.

Voltando à realidade, Cartagena é linda naturalmente, mas muito pobre. O povo que está lá te servindo o dia inteiro e te oferecendo mil artesanatos e trabalhos diversos moram lamentavelmente mal.

Como a água potável chega à ilha

Já na volta para o porto, no barco, o guia te leva a uma parte do arquipélago que você não esperava. Uma comunidade muito simples, com casas de madeira, sem nem acesso à água potável. Conversando particularmente com um dos profissionais turísticos, fiquei sabendo que era com esse navio aqui que a água potável chegava até à ilha. Ele não me falou com que frequência...
Uma das coisas que me chocou foi ver a molecada nadando dessa parte pobre até o nosso barco para fazer o que o guia chamou de “brincadeira”.

"Pode jogar moeda no mar que eles pegam", lembro do cara dizer

E alguns turistas começaram a jogar moedas. Os meninos saíram loucos nadando para pegar a esmola. Chegaram até a subir na beirinha do nosso barco em busca de moedas. Uma atração. Foda :/

"Favela" nas ilhas

A maioria dos trabalhadores da cidade histórica ou do bairro de Bocagrande com quem conversei morava nessas ilhas. Todos os dias levavam uma hora de barco para ir e outra para voltar do trabalho.

O passeio termina quando o barco te deixa no porto. Para ir embora rapidinho, basta pegar um táxi.


Legal comentar que os táxis não têm taxímetro; é necessário combinar o valor SEMPRE antes de começar a rodar. Mas a maioria dos passeios não passa de COP 6 mil. Na verdade, pelo que eu me lembro, só a ida até o aeroporto que custou um pouquinho mais.

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Minhas férias em Cartagena parte I

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Depois de babar muito em cima das fotos googladas durante as folguinhas no trabalho, eu e minha amiga Dani decidimos deixar de lado o medo das Farc e conhecer Cartagena de Índias nas nossas férias. Não poderíamos ter feito escolha melhor.

Apesar do calor de matar (temperatura alta, ar úmido e uma chuva que não refresca nem a alma), a quinta maior cidade da Colômbia é um paraíso natural, tranquilo e acolhedor. Se você não está atrás de luxo ou uma vida noturna agitada, lá é o cantinho ideal.

Para chegar ao nosso destino precisamos parar em Bogotá, que descobrimos ter um clima totalmente diferente de Cartagena  - frio e chuvoso – e um free shop dos sonhos!

Demos a sorte de ter escolhido, sem querer, um hotel que fica dentro da Cidade Amuralhada, conhecida também como Cidade Antiga ou Centro Histórico. Como o próprio nome já diz, essa cidade é toda cercada de uma muralha, que devo dizer: encantadora e cheia de histórias.

A rua do hotel, como as outras, bem estreita e colorida


É entrando por um dos poucos arcos de acesso à cidade que você começa a se derreter literalmente e emocionalmente por Cartagena. As ruas são estreitas e só dão espaço para um carro por vez. Donas de um cenário romântico, as casas coloniais são coloridas, charmosas e cheias de vida com flores e gente simples com um sorriso no rosto.

Ficar hospedado fora desse mundo seria um erro. O bairro de Getsemaní, por exemplo, conhecido por “cidade nova” fica sem graça se formos comparar.
Apesar dos famosos monumentos como a India Catalina e o Castelo de São Felipe (Castillo de San Felipe) ficarem do lado de fora das muralhas, a história toda é contada do lado de dentro.

A Cidade Amuralhada é um Patrimônio da Humanidade, segundo a UNESCO, então é proibido qualquer tipo de reforma dos moradores em suas casas ou comércios, pelo menos na parte de fora. Cada imóvel tem sua cor, sua varandinha e o seu estilo. O máximo que os donos podem fazer é repintar no mesmo tom.

E parece que todos têm o maior cuidado em deixar suas casas “um brilho”, como diria minha mãe. Só depois que fiquei sabendo de um concurso anual que premia a casa mais bonita da cidade. A festa acontece justo no dia 11 de novembro, quando também comemoram a independência da Espanha.


Como tem muita coisa boa pra falar desse lugar, separei em alguns posts diferentes essa viagem: praias, passeios, vida noturna, hotéis, pontos turísticos, dinheiro, transporte, alertas, Gabriel García Márquez, Botero e outras coisinhas – senão fica gigante!

besitos!


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domingo, 5 de janeiro de 2014

Filme #1 de 2014: “A Vida Secreta de Walter Mitty”

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Começar 2014 com esse filme foi uma escolha perfeita e necessária. O toque de “corre atrás dos seus sonhos, vai... tira a bunda da cadeira que a vida é muito mais do que isso” é encontrado nesse longa de uma forma sensível e encantadora. Graças também a uma fotografia (obrigada, Stuart Dryburgh) e trilha sonora do caralho.

Poderia dizer que o filme é mais um “auto-ajuda”, desses que o cara fracassado se dá bem no fim. Mas é muito mais. Correndo em busca de uma foto específica para seu trabalho - chefe da seção de negativos da revista “Life”-, o protagonista se joga em uma aventura que sempre sonhou viver, mas que deixou para trás logo depois da morte de seu pai.

A “Life”, revista reconhecida como uma das mais relevantes no ramo do fotojornalismo, encerrou suas atividades em 2000, partindo futuramente para um website. Pensando assim, o filme não deixa de ser, também, uma bonita homenagem à publicação.

Tem um toque de romance, mas sem o hollywoodiano exagerado. E, claro, por ser dirigido por Ben Stiller teve humor. Até que bem moderado pro estilo dele. Curti.

Legal uma crítica rapidinha do filme, que fala sobre tirar foto nos momentos que na verdade você deveria aproveitar. Ao encontrar um fotógrafo famoso por ainda trabalhar com negativo e ser bem porra louca, Mitty vê o profissional deixar de fazer um clique épico apenas porque preferiu “curtir o momento ao invés de colocar uma câmera no meio”. Rá!


Além de Arcade Fire e Junip, que é bom demais, o filme gira em torno da música “Space Oddity”, do Bowie, porque nosso personagem principal gosta de ficar “fora do ar”, viajando na imaginação. Como a música diz, “Ground control to Major Tom”:




P.S: Shirley MacLaine e Sean Penn fazem uma pontinha :D

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