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Apenas: sonho
Uma vez em Cartagena, quem te liga é o Bola de Fogo e o
calor sempre vai estar de matar. É pisar fora do ar condicionado do hotel pra
começar a pingar naquele forno. Não que eu esteja reclamando, mas é que é
impossível não pensar em outra coisa além de praia nessas condições. Vida
difícil...
Mas antes de falar da parte boa das praias de Cartagena, tem
um ponto importantíssimo que deve ser contado, infelizmente, por esta que vos
escreve.
Logo no primeiro dia, eu e minha amiga resolvemos curtir uma
praia. No que pisamos na areia, duas moças vieram oferecer alguma coisa, que
logo negamos porque não entendemos o que era. Andamos mais alguns metros e
outra mulher veio. Como essa tinha “mais jeitinho” para falar, começamos a
prestar atenção.
Na verdade, as moças queriam oferecer uma massagem.
“Solamente una degustación”, falavam. Essa frase demorou para sair das nossas
cabeças... Isso porque enquanto a moça vai falando com você, começa a
passar um creme nas suas costas e já vai fazendo uma massagem, deixando claro
que tudo não passa de um entretenimento gratuito. De uma hora para a outra,
tinha uma mulher em cima de mim e outra da Dani, e nós estávamos sentadas em
cadeiras de praia, trazidas por alguns ajudantes, enquanto elas nos
massageavam.
Conversamos sobre família, o Brasil, a Copa... “Quanto isso
vai custar?”, perguntávamos. De “nada” foi para “15 mil pesos”. Daí já
começamos a recusar, levantar da cadeira e sair fora, tudo com muita simpatia.
Então alguns rapazes que vendem artesanato chegaram em cima
começando a oferecer colares, brincos, pulseiras (lindos, por sinal), e as
mulheres não paravam. Apertavam nosso pé, nossas pernas, nossas costas...
Enfim, quando vimos que a coisa estava BEM estranha e
queríamos sair fora, elas nos fizeram pagar COP (pesos colombianos) 70 mil cada
uma (cerca de R$ 85)!
Com medo, minha amiga deu logo o dinheiro e saiu andando.
Lembro de ter falado no pior portunhol possível: “Usted nos enganaron e Díos
está viendo. Isso non se faz”, dei metade do valor e saí andando. PUTA DA VIDA.
E quem disse que aquele creme saía do nosso corpo? Depois
que fomos notar, rindo, que era um condicionador da Seda que todas elas
carregavam em um baldinho de praia.
Só mais tarde, conversando taxistas e outros trabalhadores é
que ficamos sabendo que esse é o trabalho dessas moças: enganar os turistas em
cinco segundos com um “solamente una degustación”.
É claro que depois de algumas horas o acontecido virou
piada...
Tirando essa dura e agora divertida experiência, vamos ao
que interessa:
Bocagrande
Uma típica long beach, praia grande, ou chame do que quiser.
Bocagrande é um bairro litorâneo moderninho de Cartagena. Reza a lenda (e os
mapas) que o mar ali já é do Caribe, mas não parece. O bom é que dá para ir por
conta própria. Basta pagar COP 6 mil de taxi de ida e o mesmo valor de volta e
voilà.
Aqui, a imagem de centro histórico fofinho sai de cena e
entram os grandes prédios e hotéis luxuosos. O negócio já está mais
americanizado e as redes de fast-food dominam os arredores: Mc Donalds, KFC,
etc.
Como nos primeiros dias gastamos com cadeira, tenda e
mesinha, resolvemos economizar nos outros dias e levar apenas nossas cangas e
alguns mil pesos no bolso para comidinhas. Passeio bom, prático e barato. Para
dar um mergulho, deixamos nossas coisas na areia mesmo (como quase todo mundo
faz) e ficamos de olho. Tudo lá é muito seguro. Sério. Muito.
Olhando para esse mapinha (que eu peguei emprestado da empresa
City Sightseeing), você pode ver que além de
Bocagrande ainda tem os bairros El Laguito e Castillogrande que oferecem
praias. O valor do táxi é o mesmo e a praia também. Mas achei que essas praias
eram mais isoladas, sem muito movimento.
Quando fomos para o El Laguito, o taxista já deu a dica:
comprem o que for comer no mercadinho e não aceitem nada do pessoal da praia.
O motivo? O preço triplica.
Fora as voltinhas que você dá por conta própria em
Cartagena, outros passeios são oferecidos por guias que perseguem (sério!) os
turistas. Na praia, no taxi, na rua, nos restaurantes... qualquer lugar que
eles puderem te abordar, eles vão.
Playa Blanca e Isla Del Rosario
Vai uma lagostinha aí?
Como estava muito afim de conhecer as famosas praias a la
Caribe, acabei comprando um “pacote” para visitar a Playa Blanca e a Isla Del
Rosario. É um dos passeios mais comuns a se fazer por lá – e um dos que mais
vale a pena.
Como fui em baixa temporada, consegui fechar por COP 35 mil,
equivalente a cerca de R$ 42. Mas sei que esse passeio chega a sair por COP 60
mil em alta temporada.
Fora isso, ainda existe uma taxa portuária obrigatória de
COP 12 mil, que é paga à parte na hora de entrar para o embarque, logo que
passar pela catraca do porto, conhecido como Muelle de la Bodeguita.
Tem que esperar o embarque assim!
O porto é praticamente em frente ao monumento da Torre Del
Reloj, entrada da Cidade Amuralhada. Apesar de o passeio ser oferecido dias
antes pelos guias, é possível chegar ao porto cedo e comprar seu ingresso numa
boa.
Já na espera para entrar no barco, o guia com quem você
fechou o pacote vai te apresentar ao profissional que vai te acompanhar durante
todo o dia. Depois de uma chamada básica, basta colocar o colete salva-vidas e
pronto, você já está a caminho do paraíso.
No meio do passeio, um barco vem até nós e oferece esse lanche, baratíssimo.
Melhor suco de goiaba da minha vida!
A primeira parada é em Isla Del Rosario, um arquipélago na
verdade – inclusive, o guia mostra uma megailha isolada de Pablo Escobar, o
senhor da droga colombiana. Que Deus o tenha.
Por lá, a coisa é rápida. Na verdade, eles te oferecem duas
coisas para fazer que são pagas à parte: conhecer o Oceanário (aquário) ou
praticar snorkeling. Tanto um quanto outro não passavam de COP 25 mil.
O Oceanário é fofo, dá pra entrar e conhecer um pouquinho de graça (e ainda usar o banheiro!)
Acontece que eu e minha amiga não queríamos fazer nenhum dos
dois. E aí?
Aí que ficamos cerca de meia hora curtindo o mar, que é um
pouco perigoso por conta das pedras ao fundo, mas é só tomar cuidado que dá
para se refrescar numa boa. Muita gente optou por ficar lá mesmo.
Olha essa água transparente *-*
Há quem diga que para ver o Caribe só mesmo em San Andres,
uma ilha próxima à Cartagena, que exige uma passagem de avião um pouco cara
para ser apreciada. No entanto, Playa Blanca é incrível, areia branquinha e
água transparente com o fundo nos melhores tons de azul e verde.
Só depois ficamos sabendo que podíamos ter pegado um barco e
ido direto para lá, sem parada pela Isla Del Rosario. Fica a dica.
Ah, Playa Blanca... só de lembrar dá um calorzinho bom
Logo que você chega o almoço está pronto. Então eles colocam
a galera pra sentar em umas mesas de madeira com bancos enormes e servem todo
mundo. O prato é esse aqui: peixe, arroz de coco e plátano (banana frita em
fatias fininhas).
Hum!
Ponto positivo: a comida é gostosa e vem servida com
limonada.Ponto meia-boca: não tem faca, o garfo é de plástico e você
logo se vê obrigado a comer com a mão. Sim! Foi uma experiência divertida...
E então você aproveita mais duas horinhas na praia. Para
ficar na sombra é necessário alugar uma tenda, cadeiras e, se quiser, uma
mesinha de plástico também. Lembrando que, com simpatia, tudo dá para
pechinchar. Como acabamos fazendo amizade com duas brasileiras, rachamos o
valor e ficou mais em conta ainda.
Todos os meus problemas foram embora ali.
Voltando à realidade, Cartagena é linda naturalmente, mas
muito pobre. O povo que está lá te servindo o dia inteiro e te oferecendo mil
artesanatos e trabalhos diversos moram lamentavelmente mal.
Como a água potável chega à ilha
Já na volta para o porto, no barco, o guia te leva a uma
parte do arquipélago que você não esperava. Uma comunidade muito simples, com
casas de madeira, sem nem acesso à água potável. Conversando particularmente
com um dos profissionais turísticos, fiquei sabendo que era com esse navio aqui
que a água potável chegava até à ilha. Ele não me falou com que frequência...
Uma das coisas que me chocou foi ver a molecada nadando
dessa parte pobre até o nosso barco para fazer o que o guia chamou de
“brincadeira”.
"Pode jogar moeda no mar que eles pegam", lembro do cara dizer
E alguns turistas começaram a jogar moedas. Os meninos saíram
loucos nadando para pegar a esmola. Chegaram até a subir na beirinha do nosso
barco em busca de moedas. Uma atração. Foda :/
"Favela" nas ilhas
A maioria dos trabalhadores da cidade histórica ou do bairro
de Bocagrande com quem conversei morava nessas ilhas. Todos os dias levavam uma
hora de barco para ir e outra para voltar do trabalho.
O passeio termina quando o barco te deixa no porto. Para ir
embora rapidinho, basta pegar um táxi.
Legal comentar que os táxis não têm taxímetro; é necessário
combinar o valor SEMPRE antes de começar a rodar. Mas a maioria dos passeios
não passa de COP 6 mil. Na verdade, pelo que eu me lembro, só a ida até o
aeroporto que custou um pouquinho mais.
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