sexta-feira, 20 de abril de 2012

lixo


Hoje podia ser domingo. Hoje podia estar sol. Hoje eu podia ter alguns anos a menos. Mas não. Hoje não é domingo, não faz sol. Não significa que eu estou com azar. É só que hoje não.

A lata de lixo está sempre cheia, sempre suja. E mesmo vazia ela fede, sempre suja.

As pessoas que correm, correm porque aprenderam a correr. Não respiram. Não suam. Não vivem. Elas só correm, só esperam o domingo. Suas vidas são vazias. São limpas e fedem.

Eu tenho dó dessas pessoas. Não existe escolha. Elas vivem suas latas, ocas e ignorantes. Sujas.

Hoje eu tinha que entregar umas assinaturas pro Gary. O Gary era um cara legal. Tinha uns contatos legais. Não fedia tanto assim. Os caras que assinaram eram podres.

Tem tipos de gente suja. Tem os que não sabem que são e são e os que escolhem ser e são. Parece que não, mas faz toda a diferença. Não existe ignorância da parte do segundo ser. Eles são sujos por preguiça, egoísmo, ambição, poder e toda essa merda suja.

Na verdade a diferença é que eles não se fodem.  Às vezes tem uma treta ou outra, mas coisa interna sabe? O Gary sabe disso tudo e mesmo assim não está nesse sistema. Eu falei, ele não fede tanto assim.

Mas ninguém é santo. Nem o santo foi tão santo assim. Todo mundo tem um pouco de vazio.

Eu gosto de um pouco de pecado. Ou muito. Gosto de quem peca. De quem peca e assume que pecou. Não de quem fica com desculpas na ponta da língua só esperando o contra-ataque. Isso cansa muito. Essa coisa de batalhas morais cansa.

[…]

Não sei como tem gente que aguenta essa outra gente. Esse é um outro tipo de gente vazia. São tão insossos que nem fedem. Não estão lá, são elenco. Figuração. O problema é que eles falam.

Eu cansei dessas pessoas, cansei de me agregar a esse mundo. É muito sem graça pra mim. Eu quero mais. Muito mais. E eles nunca vão me dar o que eu quero.